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Diabetes Tipo 1 - A verdade ignorada e a tragédia para jovens famílias e suas crianças.

Após tornar-me vegano, passei a estudar bastante sobre o consumo de produtos de origem animal e suas implicações para nossa saúde. Já está mais que comprovado, cientificamente, por diversos estudos, pesquisas e revisões, que o consumo de carnes, ovos, leites e todos os seus derivados está correlacionado com o aumento do risco para diversas doenças, dentre elas, problemas circulatórios (AVCs, infartos, anginas, ...), cânceres, diabetes, etc.

Quando comecei meus estudos, o que mais me chamou à atenção foram os estudos correlacionados com problemas circulatórios e cânceres, principalmente, e depois o Diabetes Tipo 2. Até poucos dias atrás, não havia me interessado muito sobre o Diabetes Tipo 1 e sua relação com a dieta, certamente por ainda acreditar que a genética fosse seu principal determinante. Já havia até lido a respeito da correlação do Diabetes Tipo 1 com o consumo de leite de vaca, mas ainda não havia dado a devida atenção.

Há umas duas semanas fiquei sabendo que o filho de uma pessoa conhecida havia adquirido Diabetes Tipo 1 e, pelo fato de eu também ter filho pequeno, comecei a refletir a respeito. Aquele menino ficaria pelo resto de sua vida dependente de cuidados especiais. Tendo que monitorar seus níveis de glicose e fazer uso de insulina injetável, sem contar os sustos e riscos extras que o acompanhariam para o resto da vida. O monitoramento e todos os cuidados necessários não o livrariam por completo de possíveis transtornos à sua saúde.

Com o passar do tempo, os níveis extra de açúcar no sangue podem danificar os vasos sanguíneos por todo o corpo. Por isso o diabetes pode levar à cegueira, falha dos rins, ataques cardíacos e AVCs. As taxas altas de açúcar no sangue podem danificar também os nervos. Por causa dos danos nos vasos sanguíneos e nervos, diabéticos podem sofrer também de baixa circulação e progredir para infecções nos membros, levando a amputações, principalmente de pés e pernas.

Após essa reflexão, comecei a enxergar o Diabetes Tipo 1 como a pior de todas as doenças citadas acima, por tratar-se de uma doença autoimune, incurável e recaindo principalmente sobre crianças. As outras doenças que citei incidem majoritariamente em pessoas mais velhas e, com o ajuste para uma dieta vegana integral, as chances de cura são grandes e já bem conhecidas.

Pensando nisso e imaginando qualquer um de meus filhos nestas condições resolvi voltar a ler, com maior cuidado, o capítulo do livro “The China Study” que fala a respeito do Diabetes Tipo 1 e sua relação com o consumo de produtos de origem animal. Para quem tem filho ainda bebê ou pra quem planeja ter filhos, recomendo muito esta leitura. Abaixo segue um trecho deste livro traduzido.

Breve apresentação do livro e seu autor:

“The China Study” - escrito por Thomas Colin Campbell, PhD.

T. Colin Campbell tem trabalhado na linha de frente em pesquisas sobre nutrição, por mais de 40 anos. É um bioquímico americano especializado no efeito da nutrição na saúde a longo prazo. Professor emérito da Universidade de Cornell, nos EUA, recebeu financiamento para mais de setenta anos de pesquisas e é autor de mais de 300 artigos. O “Estudo da China” foi o resultado de uma parceria de 20 anos da Universidade de Cornel , Universidade de Oxford e a Academia Chinesa de Medicina Preventiva. Este livro fala especificamente deste trabalho, mas também de tantas outras pesquisas e seus resultados no âmbito da nutrição e sua relação com a saúde.

Abaixo, trecho do capítulo 7 deste livro, que fala especificamente sobre Diabetes Tipo 1:

"Diabetes Tipo 1

No caso da diabetes tipo 1, o sistema imunológico ataca as células do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Esta doença devastadora e incurável, atinge principalmente as crianças, trazendo uma experiência dolorosa e difícil para jovens famílias. O que a maioria das pessoas não sabe, entretanto, é que há fortes evidências que esta doença está ligada à dieta, mais especificamente, a produtos laticínios. A capacidade da proteína do leite de vaca iniciar o diabetes tipo 1 é bem documentada. A possível iniciação deste diabetes ocorre desta forma:

- Um bebê não é amamentado por tempo suficiente e é alimentado com proteína do leite de vaca, provavelmente por uma fórmula infantil.

- O leite alcança o intestino delgado, onde é quebrado em seus aminoácidos.

- Para alguns bebês, o leite de vaca não é totalmente digerido e pequenas cadeias de aminoácidos ou fragmentos da proteína original permanecem no intestino.

- Os fragmentos de proteína digeridos incompletamente são provavelmente absorvidos pra a corrente sanguínea.

- O sistema imunológico reconhece estes fragmentos como invasores externos e seguem para destruí-los.

- Infelizmente, alguns destes fragmentos se parecem exatamente com as células do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

- O sistema imunológico perde sua capacidade de distinguir entre fragmentos de proteína do leite de vaca e as células do pâncreas e destrói ambos, eliminando, portanto, a capacidade de produção de insulina pela criança.

- O bebê torna-se diabético Tipo 1 e assim permanece para o resto de sua vida.

Esse processo se resume com uma declaração muito importante: o leite de vaca é possível causa de uma das doenças mais devastadoras que podem recair sobre uma criança. Por razões óbvias, esta é uma das questões mais polêmicas em nutrição atualmente.

Um dos mais notáveis relatórios sobre os efeitos do leite de vaca foi publicado há mais de 2 décadas, em 1992, no New England Journal of Medicine. Pesquisadores finlandeses obtiveram sangue de crianças com Diabetes Tipo 1, com idades entre 4 e 12 anos. Então mediram os níveis de anticorpos que se formaram no sangue contra uma proteína do leite de vaca não digerida completamente chamada de BSA (bovine sérum albumin – albumina de soro bovino). Eles fizeram o mesmo processo com crianças não diabéticas e compararam os dois grupos (anticorpo é a imagem espelhada, ou molde, de um antígeno invasor). Crianças com anticorpos para a proteína do leite de vaca tem que ter, necessariamente, consumido leite de vaca previamente. Também significa que fragmentos de proteínas não digeridas do leite de vaca tiveram que entrar na corrente sanguínea das crianças, de maneira a causar a formação de anticorpos, em primeiro lugar.

Os pesquisadores descobriram algo realmente notável. De 142 crianças diabéticas medidas, todas tinham níveis de anticorpo acima de 3,55 IgG. De 79 crianças normais, todas tinham níveis de anticorpos abaixo de 3.55.

Em outras palavras, não havia sobreposição de níveis de anticorpos entre crianças diabéticas e crianças normais. Todas as crianças diabéticas tinham níveis maiores de anticorpos para o leite de vaca que as crianças não diabéticas. Isto implica em duas coisas: crianças com mais anticorpos consumiram mais leite de vaca e anticorpos aumentados podem causar diabetes Tipo 1.

Estes resultados causaram ondas de choque na comunidade científica. Foi a separação completa das respostas dos anticorpos que fez este estudo ser notável. Este e outros estudos feitos já anteriormente iniciaram uma avalanche de estudos adicionais ao longo de vários outros anos e continuam até hoje.

Diversos estudos têm, desde então, investigado este efeito do leite de vaca nos níveis de anticorpos à BSA (albumina de soro bovino). Todos, menos um, mostraram que o leite de vaca aumenta estes anticorpos em crianças com diabetes Tipo 1, entretanto, as respostas variaram bastante em magnitude.

Na década em que se seguiu a publicação da primeira edição, cientistas já tinham investigado muito mais que os anticorpos à BSA, e um quadro mais completo está pra surgir. Resumidamente, é mais ou menos assim: bebê ou crianças muito jovens com uma certa base genética, que sejam desmamados do peito muito cedo para o leite de vaca e que, provavelmente, sejam infectados por um vírus que possam corromper o sistema imunológico do intestino, tendem a ter um risco alto para o diabetes Tipo 1.

Um estudo no Chile considerou os dois fatores, leite de vaca e genética. Crianças geneticamente suscetíveis desmamadas muito precocemente para fórmulas a base de leite de vaca tinham um risco para diabetes Tipo 1 aproximadamente de 13 vezes maior que crianças que não tinham essa genética e que foram amamentadas no peito por pelo menos 3 meses (minimizando, portanto sua exposição ao leite de vaca).

Outro estudo nos Estados Unidos também mostrou que crianças geneticamente suscetíveis alimentadas com leite de vaca quando bebês tiveram um risco para a doença de aproximadamente 11 vezes maior que as crianças que não tinham esta genética e que foram amamentados no peito até pelo menos 3 meses.

Estes 11 a 13 vezes maior risco é incrivelmente grande ( cerca de 1000 a 1200%!). Qualquer coisa acima de 3 ou 4 vezes é geralmente considerado muito importante. Para uma análise perspectiva, fumantes tem aproximadamente 10 vezes mais risco de adquirir câncer de pulmão (ainda menos que 11 ou 13 vezes o risco aqui mencionado), e pessoas com hipertensão e colesterol alto tem 2,5 a 3 vezes mais risco de doenças do coração.

Então, quanto destes 11 a 13 vezes maior risco de diabetes Tipo 1 é devido a genética e quanto é devido ao leite de vaca? Nos dias de hoje há uma opinião popular de que a diabetes Tipo 1 é devido à genética, uma opinião frequentemente compartilhada por médicos também. Mas a genética sozinha não pode ser responsável por mais que uma pequena fração dos casos desta doença. Genes não agem sozinhos, eles precisam de um gatilho pra seus efeitos serem produzidos. Tem-se observado também que após um de dois gêmeos idênticos adquirir diabetes Tipo 1, há apenas cerca de 13 a 33% de chance do segundo gêmeo adquirir a doença, mesmo tendo os dois a mesma genética. Se tudo ocorresse em função dos genes, as chances do segundo adquirir a doença seria de aproximadamente 100%. E mais, é possível que os 13 a 33% de risco para o segundo gêmeo adquirir a doença seja devido ao fato de compartilharem o mesmo ambiente, dieta, fatores que afetam ambos os gêmeos.

Considere, por exemplo, a observação feita no gráfico 9.3, que destaca a ligação entre um aspecto do meio ambiente, consumo do leite de vaca, e esta doença. O consumo de leite de vaca por crianças de zero a catorze anos de idade em doze países mostrou uma correlação quase perfeita com o Diabetes Tipo1. Quanto maior o consumo do leite de vaca, maior a prevalência do Diabetes Tipo 1. Na Finlândia, o Diabetes Tipo 1 é 36 vezes mais comum que no Japão. Grandes quantidades de produtos do leite de vaca são consumidos na Finlândia, mas muito pouco é consumido no Japão.

Como temos visto com outras doenças afluentes, quando pessoas migram de áreas do mundo onde a incidência de doença é baixa, para áreas do mundo onde a incidência é grande, elas rapidamente adotam as altas taxas de incidência, vez que mudam seus hábitos alimentares e estilo de vida. Isto mostra que em indivíduos, apesar de poderem ter os genes necessários, a doença somente ocorrerá em resposta à determinada dieta e/ou circunstâncias ambientais.

A tendência das doenças ao longo do tempo tem mostrado a mesma coisa. A prevalência do Diabetes Tipo 1 no mundo todo está aumentando em uma taxa alarmante de 3% ao ano. Este aumento está ocorrendo para diferentes populações, apesar de poder haver diferenças substanciais nas taxas das doenças. Este aumento relativamente rápido não pode ser devido à suscetibilidade genética. A frequência de qualquer gene em uma grande população é relativamente estável ao longo do tempo, ao menos que haja mudanças nas pressões ambientais que permitam que um grupo se reproduza com mais sucesso do que outro grupo. Por exemplo, se todos os parentes de famílias com Diabetes Tipo 1 tivessem dúzias de bebês e todos os parentes de famílias sem o Diabetes Tipo 1 morressem, aí sim teríamos um aumento na concentração dos genes e o Diabetes Tipo 1 seria mais comum naquela população.

Parece que agora temos evidência impressionante mostrando que o leite de vaca pode ser um importante contribuinte para o Diabetes Tipo1. Quando os resultados de todos os estudos são combinados (tanto os geneticamente suscetíveis e os não suscetívies), descobrimos que crianças desmamadas muito cedo e alimentadas com leite de vaca tem, em média, 50% a 60% maiores chances de adquirirem Diabetes Tipo 1.

A informação anterior sobre dieta e Diabetes Tipo1 foi impressionante o suficiente para causar dois movimentos significativos. The American Academy of Pediatrics em 1994 encorajou fortemente que crianças em famílias onde o Diabetes é mais comum não sejam alimentadas com suplementos feitos com leite de vaca pelos primeiros 2 anos de vida. Segundo: muitos pesquisadores desenvolveram estudos prospectivos (aquele que acompanha a pessoa por anos futuros) para ver se uma monitoração cuidadosa da dieta e estilo de vida poderia explicar o acometimento do Diabetes Tipo 1.

Dois dos melhores destes estudos conhecidos tem sido conduzido na Finlândia, um começando no final dos anos 80 e outro na metade dos anos 90. Um tem mostrado que o consumo do leite de vaca aumenta o risco do Diabetes Tipo1 para 5 a 6 vezes, enquanto o segundo mostra-nos que leite de vaca aumenta o desenvolvimento de pelo menos outros 3 ou 4 anticorpos além daqueles apresentados previamente. Em um estudo separado, anticorpos para beta-caseina, outra proteína do leite de vaca, foram significativamente elevados em crianças alimentadas com mamadeira, comparado a crianças alimentadas no peito; crianças com Diabetes Tipo 1 também tiveram maiores níveis destes anticorpos. Em resumo, dos estudos que trouxeram resultados, as descobertas sustentam o perigo do leite de vaca, especialmente para crianças geneticamente suscetíveis.

Ainda, uma avaliação definitiva da associação do Diabetes Tipo 1 com o leite de vaca é difícil porque o consumo de leite de vaca é tão comum , que deixa apenas uma pequena gama de exposições para investigações experimentais. E a pesquisa realizada desde a primeira edição deste livro tem mostrado que a associação de diabetes tipo 1 e fatores dietéticos, como o leite de vaca, é ainda mais complexa – nada surpreendente!

Pesquisa recente tem confirmado que a doença na maioria das vezes começa em bebês e crianças pequenas geneticamente suscetíveis, mas genes não podem ser a causa isolada porque menos de 10 % das crianças geneticamente positivas de fato incorrem em Diabetes Tipo1. Algo mais é necessário para este desenvolvimento. Leite de vaca, especificamente consumido no lugar do leite materno ou bem cedo após a amamentação, ainda aparece como sendo o fator dietético mais forte. Tem havido alguma evidência de que a suplementação de vitamina D pode reduzir o aparecimento da doença, mas ainda não é totalmente consistente.

A controvérsia da controvérsia

Imagine-se olhando para a primeira página de um jornal e observando a seguinte manchete: “Leite de vaca a provável causa do Diabetes Tipo1.” Como a reação seria muito forte, e os impactos econômicos monumentais, esta manchete não será escrita tão cedo, apesar das evidências científicas. O sufocamento desta manchete é conseguido pelo poderoso rótulo da controvérsia. Com tanto em jogo, e tanta informação entendida por tão poucas pessoas, é fácil gerar e sustentar a controvérsia. Controvérsia é parte natural da ciência. De forma bastante frequente, entretanto, controvérsia não é o resultado de um debate científico racional, mas reflete, ao invés, uma necessidade de atrasar e distorcer os resultados da pesquisa. Por exemplo, se eu digo que cigarros são ruins pra você e provejo uma montanha de evidência para sustentar minha contenda, as companhias de tabaco provavelmente virão e pegarão um detalhe ainda não resolvido e alegar que a ideia total de cigarros serem prejudiciais à saúde está atolado em controvérsias e, portanto, anulará toda minha conclusão. Isto é fácil de ser feito pois sempre haverá detalhes não resolvidos; esta é a natureza da ciência. Alguns grupos utilizam as controvérsias para asfixiar certas ideias, dificultam pesquisas construtivas, confundem o público, e transformam políticas públicas em balbúcias, em vez de substanciais. Sustentar e ainda enfatizar controvérsias como um meio de descreditar descobertas que causam desconforto econômico ou social é um dos maiores pecados da ciências.

Pode ser muito difícil para uma pessoa leiga avaliar a legitimidade de uma controvérsia altamente técnica como a do leite de vaca e o Diabetes Tipo 1. É verdade até mesmo para as pessoas leigas que estejam interessadas em ler artigos científicos.

Considere, por exemplo, uma revisão científica de 1999, sobre a associação do leite de vaca e o Diabetes Tipo 1. Em dez estudos com humanos (de forma controlada), resumidos em uma revista periódica, publicados como parte de uma “série de tópicos controversos”, os autores concluíram que 5 dos 10 estudos mostraram uma associação positiva, estatisticamente significante, entre o leite de vaca e o Diabetes Tipo 1, e os outros 5 não. Obviamente, primeiramente parece demonstrar uma incerteza considerável, percorrendo um longo caminho para descreditar a hipótese.

Entretanto, os 5 estudos que contaram como negativos, não mostraram que o leite de vaca reduzia o Diabetes Tipo 1. Estes 5 estudos não mostraram de nenhuma forma um efeito estatisticamente significativo. Em contraste, há um total de 5 estudos estatisticamente significativos e todos os 5 mostraram o mesmo resultado: o consumo precoce de leite de vaca está associado com o aumento do risco de Diabetes Tipo 1. Há apenas uma chance em 64 de que este seria um resultado aleatório ou casual.

Há muitas e muitas razões, algumas vistas e outras não vistas, por que um experimento não encontraria uma relação estatística significante entre dois fatores, mesmo quando esta relação de fato existe. Talvez o estudo não tenha incluído pessoas suficientes, reduzindo então a sensibilidade do estudo para detectar um efeito que realmente exista. Talvez, a maioria dos avaliados tenham práticas alimentares bem parecidas, limitando a detecção de uma relação que seria vista provavelmente de outra forma. Talvez, as formas de medir as práticas alimentares de bebês de anos atrás fossem imprecisas suficientes para obscurecer a relação que de fato existe. Talvez os pesquisadores estivessem estudando um período errado da vida dos bebês.

O ponto é, se 5 de 10 estudos encontraram uma relação estatisticamente relevante, e todos 5 mostraram que o consumo de leite de vaca está ligado ao crescimento do Diabetes Tipo 1, e nenhum mostrou que o consumo do leite de vaca esteja ligado a um decréscimo do Diabetes Tipo 1, eu dificilmente diria, como os autores desta revisão fizeram, que a hipótese “tornou-se muito obscura com inconsistências na literatura”.

Na mesma revisão, os autores resumiram estudos adicionais que compararam indiretamente práticas de amamentação associadas com o consumo de leite de vaca e o Diabetes Tipo1. Este estudo envolveu 52 comparações, dos quais 20 foram significantes, 19 em favor da associação do leite de vaca e a doença, e somente 1 não. Novamente, a probabilidade apontou fortemente para a hipótese de associação, algo que os autores falharam em destacar.

Eu cito este exemplo, não apenas para apoiar a evidência, mostrando o efeito do leite de vaca no Diabetes Tipo 1, mas também para ilustrar uma tática que é frequentemente utilizada para fazer algo se tornar controverso, quando não é. Esta prática é mais comum do que deveria e uma fonte desnecessária de confusão. Quando pesquisadores fazem isso, mesmo que o façam sem intenção, geram um sério prejuízo contra a hipótese em primeiro lugar. De fato, pouco depois de eu ter escrito isto, ouvi uma breve entrevista na Rádio Pública Nacional sobre o problema da Diabetes Tipo 1 com o autor sênior desta revisão. Ele simplesmente não reconheceu a evidência da hipótese do leite de vaca.

Por esta questão ter gigantesca implicação financeira para a agricultura americana, e por tantas pessoas terem tão intenso preconceito a respeito, é muito pouco provável que este estudo sobre diabetes alcance a mídia americana em qualquer momento. Entretanto, a profundidade e largura de evidências agora implicando o leite de vaca como um possível contribuinte para o Diabetes Tipo 1 é impressionante, mesmo que os detalhes dos mecanismos (muito complexos) não sejam completamente entendidos. Nós não apenas temos evidências do perigo do leite de vaca, nós temos também evidência considerável mostrando que a associação do leite de vaca e o diabetes é biologicamente plausível. O leite materno é o alimento perfeito para um bebê, e uma das coisas mais perigosas que uma mãe pode fazer é substituir seu leite pelo leite de vaca.

A incidência do Diabetes Tipo1 está aumentando rapidamente em muitas partes do mundo a uma taxa natural de 3 a 5%. É hora de sermos mais vigorosos em compartilhar com o público a evidência que temos sobre o leite de vaca e seus produtos. Esperar para que a evidência seja perfeita (o que nunca ocorrerá) é uma estratégia inaceitável, especialmente quando a proteína do leite de vaca já se mostrou, há muito, ter outros efeitos sérios, incluindo colesterol no sangue, doenças cardiovasculares, promoção do câncer, entre outros.”

Namastê.

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