O medo do novo.
Quando me tornei vegetariano, antes mesmo de passar ao veganismo, já ocorria em mim a dúvida se estava fazendo a coisa certa. Cortar todo tipo de carne de minhas refeições? Isso seria seguro? Mas todos dizem que precisamos de proteína animal para nosso bom desenvolvimento e saúde.
Há 9 anos, motivado pela causa animal e pelos primeiros rumores de que a carne vermelha não era “tão saudável”, comecei tudo aos poucos. Alguns de meus amigos vão lembrar de eu dizendo “...se em algum momento eu tiver deficiência nutricional por falta da carne, eu volto a consumi-la no mesmo dia”.
Pois é, no início pesquisei muito pouco sobre nutrição vegetariana, e fiz de mim a própria cobaia. Ao mesmo tempo em que coloria meus pratos com todo tipo de vegetal, fui cortando aos poucos a carne vermelha, depois a carne de frango e por fim o peixe, num intervalo de tempo de aproximadamente 2 a 3 meses. Os exames de sangue eram mensais e depois passaram a trimestrais e tudo corria muito bem. Aliás, meus exames vinham cada vez melhores. Com o tempo, o medo passou e a constatação era positiva.
O medo de uma deficiência nutricional ao partir para uma dieta vegetariana é, certamente, uma grande trava para muitos que já tenham pensado na possibilidade de parar ou reduzir o consumo de carne.
Normalmente mantemos nossos hábitos e costumes sem questionar, mesmo que outras opções potencialmente melhores nos estejam disponíveis. É aquela velha história “se sempre foi assim, por que fazer diferente?” Só que as coisas mudam e o que era bom ou apropriado no passado pode não ser mais hoje.
A questão é que em determinado momento da história da humanidade, com a escassez de alimentos, e as peculiaridades de cada época, o consumo de carne pode ter sido sim extremamente importante e tornou-se cultural. Mas hoje temos a opção, cientificamente comprovada, de uma alimentação mais saudável e sustentável, baseada apenas em vegetais.
Com toda a sabedoria adquirida por séculos, as culturas vegetais atingiram incrível variedade, cobrindo toda a necessidade de nutrientes e com disponibilidade suficiente a não necessitarmos mais de alimentos de origem animal. Ao partirmos para uma dieta vegetariana, poupamos vidas, nosso planeta e nossa saúde.
Reforço meu discurso original e atualizo com um desafio: Se em algum momento eu tiver deficiência nutricional por falta da carne ou qualquer alimento de origem animal, eu volto a consumi-los no mesmo dia. Ainda melhor, se alguém me provar que uma alimentação onívora é mais saudável que uma alimentação vegana eu volto atrás com minha dieta.
Não há mais o que temer. E a boa notícia é que as receitas se aprimoraram tanto nos últimos anos que nem o sabor é mais desculpa.
Namastê.