Minha caminhada.
Tenho um amigo que na nossa juventude já era vegetariano aos seus 15 anos de idade. Eu, certamente, era um de seus maiores críticos. De forma alguma, naquela idade (com 17 anos), poderia compreender algo que iria totalmente contra o que meus pais e toda minha família, em boa parte mineira (e quem conhece a comida mineira sabe muito bem do que estou falando), havia me transmitido. Uma alimentação onívora (a base de vegetais e animais) fazia parte de meus hábitos, sendo estes totalmente alinhados à cultura em que sempre estive inserido. Em minha juventude, inclusive, passei a ser o churrasqueiro da minha turma de amigos do condomínio onde morei. E assim foi até meus trinta anos.
A mudança começou mais ou menos nos primeiros meses de 2008 (já com 30 anos). Poucos dias após meu casamento, comecei a repensar sobre o consumo de carne vermelha. Apesar de sempre buscar uma vida saudável, tudo que sabia sobre uma melhor alimentação era o que a "grande mídia" (principalmente televisão) me trazia, ou seja, que carne vermelha não fazia muito bem à saúde e que era recomendável a sua redução. Informações sempre muito rasas, mas que me fizeram dar os primeiros passos. Por pelo menos 2 vezes fiz tentativas para cessar o consumo de carne vermelha, mantendo ainda peixes e aves em meu cardápio, mas, sempre cedendo à pressão social, cultural e do próprio paladar, voltava a minha dieta original. Já em 2009, ao me encontrar com outro velho amigo, ele me contou que era vegetariano e falou-me um pouco sobre sua caminhada e conquista diária.
Naquele dia fui para casa com uma "pulga atrás da orelha" e comecei a buscar informações além daquelas da "grande mídia". Vendo então a verdade um pouco mais a fundo, acabei me sensibilizando pela causa animal, principalmente, e resolvi que era hora de parar de comer carnes (desta vez, de qualquer tipo). Claro que ouvia sobre os benefícios para a saúde, mas foi enxergando o sofrimento pelo qual passavam os animais que realmente me motivei a buscar uma alimentação vegetariana. Levou algo em torno de dois meses para eu reduzir a zero o consumo de carnes. A partir daí mantive uma dieta ovolactovegetariana, ou seja, continuei me alimentando de ovos, leite e seus derivados. Sempre com acompanhamento médico e fazendo exames regularmente, monitorei minha saúde pelos próximos 7 anos. Por este período, minha saúde sempre se mostrou excelente e afirmava para mim mesmo que já me bastava a opção vegetariana e que nunca me tornaria vegano, pois me parecia, naquele momento, algo muito radical. Enfim, não conseguia compreender ainda porque o consumo de leite e ovos poderia ser tão ou mais cruel aos animais quanto o consumo direto de carnes.
Sentindo-me feliz e tranquilo com minha consciência, simplesmente não me aprofundei mais sobre veganismo e acreditava que não era mais responsável por maldades com os animais. Desta forma, confortável e já adaptado a minha dieta vegetariana, não busquei mais informações e vivi neste "apagão" de conhecimento de 2009 a 2016, ano em que, finalmente, por ordem do acaso, acabei caindo em uma "rede" de conteúdos na internet sobre veganismo. Simplesmente não pretendia dar mais passo algum em direção a uma nova dieta, mas ao buscar algumas receitas vegetarianas e veganas fui parar em um vlog de uma brasileira que foi morar no Canadá e que contava seu processo de "veganização". Ela explicava por alto sua caminhada e indicava alguns documentários e palestras no youtube. E lá fui eu. Desta vez, era como se estes conteúdos me puxassem para outros e mais outros até que, de repente, havia consumido uma infinidade de material pró-veganismo. Como se tivesse acabado de acordar de um sonho ruim, não tive mais como negar a realidade, não tinha outro caminho a seguir, precisava realinhar meus hábitos a meus valores básicos e vivenciar de uma maneira plena o amor e respeito a qualquer espécie de animal.
Ainda preocupado com a questão da saúde, me aprofundei mais a respeito da dieta vegana e pude descobrir que meu organismo se beneficiaria ainda mais ao deixar de consumir ovos, leite e quaisquer de seus derivados.
O passo mais difícil foi sem dúvida contar a novidade para minha família. Claro que ficaram preocupados, pois o que sabiam como verdade, assim como a grande maioria da população, é que uma dieta sem carnes (e agora sem leite ou ovos), seria deficiente em diversos tipos de nutrientes. Um dia eu também acreditei nisso, mas naquele momento já estava convencido do contrário (que uma alimentação vegana não somente tem todos os nutrientes necessários, mas também é muito mais saudável) e pronto a começar mais um trecho de minha caminhada ao veganismo.
Desde então, continuei monitorando minha saúde e meus exames mostram-me melhores números até mesmo se comparado aos de quando era apenas vegetariano. Claro que esta melhora não se traduz apenas em números, mas qualitativamente. Hoje, já com quarenta e quatro anos, não sinto diferença de quando tinha vinte e poucos. Convido a todos que quiserem ao menos experimentar, que deem um primeiro passo. A diferença é sensível logo nos primeiros dias e você não vai mais querer abrir mão da qualidade de vida e do sentimento de consciência tranquila.
A minha caminhada já leva 14 anos e ainda há muito com que posso contribuir para a causa. Esta página é mais uma forma. Acesse também o Blog nesta página para saber mais sobre minha caminhada e atualidades do mundo vegano.
Namastê.
Gustavo Pereira da Silva
Vegano em desenvolvimento, 44 anos, amante dos animais, nascido e criado no Rio de Janeiro, gosto de estar com os amigos e minha família, praticar esportes e atividades que me conectem com a natureza.